domingo, 24 de junho de 2012

                                    REMODELA-ME, SENHOR!

  Desci á casa do oleiro a fim de encomendar um vaso.

 

No momento em que esperava para ser atendido, meus olhos admirados passeavam de um objeto a outro, encantados com sua beleza. foi quando reparei, em um canto, um pequeno pedaço de barro.

pareceu-me abandonado. aproximei-me e, ali mesmo, fui testemunha de uma coisa espantosa.

Remodela-me, senhor! repetia com ar sofredor a pobre criatura.

Impressionado, dirigi-me ao oleiro:

amigo, sempre apreciei teu trabalho. como todos sabem, a melhor obra é a que sai de tuas mãos. No entanto recuso-me a acreditar que, por mero descuido, relegaste um pequeno pedaço de barro á mais triste solidão.

ele me fitou em silêncio. a principio, pensei que fosse condenar minha aflição, mas, após alguns minutos, pronunciou-se.

caro amigo, aprecio tua preocupação, pórem o pequeno barro de nada me serve, garanto a ti que não tem jeito, não.

como assim? recuso-me a acreditar que tão hábil oleiro não sabia o barro aproveitar.

julgaste-me mal. este barro é que é um enganador. garanto que milhares de vezes o tomei entre as mãos e, toda as vezes, decepicionado, vii-me forçado a abandoná-lo. é impossivel trabalhar com ele, e se, o deixo perto de mim, é porque mesmo assim o amo de coração.

 Mas que defeito tão grave é este?

 É simples. não se deixa modelar.

 Entendo! exclamei desconcertado.

 Nesse dia, deixei  a olaria pensativo.

quantas vezes pedimos, imploramos... e não sabemos aproveitar as oportunidades que a vida nos dá? cada dia uma nova porta se abre á nossa frente.

cada dia somos chamados a fazer a experiência da ressurreiçâo.podemos aceitar o convite e caminhar ou ficar parado, olhando mais uma porta fechar-se.

remodela-me , senhor! repetia o pequeno barro.

será que ele queria ser mesmo remodelado?

E VOÇÊ?.

Nenhum comentário:

Postar um comentário